Abaixo se indica o link da gravação vídeo da apresentação do livro «Colombo genovês - O tio errado - Desconstrução e cronologias do grande embuste» que teve lugar na Academia de Marinha, no dia 6 de Outubro
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Abaixo se indica o link da gravação vídeo da apresentação do livro «Colombo genovês - O tio errado - Desconstrução e cronologias do grande embuste» que teve lugar na Academia de Marinha, no dia 6 de Outubro
O maior erro da História, a confusão entre o Almirante Christoval Colon e um tecelão genovês de nome Cristoforo Colombo, foi, primeiro, objecto de uma multiplicação em cadeia, depois vítima da repetição do dizer por ouvir dizer e seguidamente alvo da contrafacção de documentos.
No dealbar do século XIX um congresso de americanistas decidiu, por consenso, que a versão oficial da História seria a de que o Descobridor da América fora esse tecelão genovês, transmutado no Almirante. Fê-lo sem grandes certezas, mais por falta de alternativas concorrentes.
Depois disso, começaram a surgir várias teorias contestando essa versão, embora limitadas por insuficiência de provas ou deficientes argumentos, tornando-as incapazes de destronar a versão oficial.
Em Portugal há ainda alguns historiadores profissionais que se agarram à versão oficial porque não se dedicaram a estudar as bases em que foi edificada. Num volumoso livro publicado há cerca de um ano, um reputado historiador aprofundou um pouco a pesquisa dessas bases e elencou mais de uma centena de alegações que provariam a versão do tecelão genovês.
Pois nesse livro, sobre os dois grandes pilares da tese do tecelão, diz-se o seguinte:
Sobre o sempre invocado "Testamento ou morgadio de 1498":
" (...) É, de facto, de todos os documentos conhecidos que o Almirante redigiu, o único em que se refere, de forma clara e explícita, às suas origens genovesas (...)
Compreende-se que cubistas, catalanistas et hoc genus omne se encarnicem, quase ao rubro, contra este documento, que, de facto, há que reconhecê-lo, é um dos mais problemáticos dos documentos colombinos, já que dele não nos chegaram senão cópias, feitas para mais sobre o que parece ser uma minuta ou versão prévia não corrigida, cujos passos anacrónicos não sabemos se continuavam ou não a constar do documento definitivo e oficial, de há muito desaparecido.”
Portanto, a "prova" máxima da genovesidade, aquele papel que sempre foi defendido como verdadeiro e fiável, já está relegado para a classificação que sempre lhe atribuímos: cópia de um rascunho. Ainda falta aos genovistas dar o passo seguinte: aceitar que é não apenas isso, mas também uma contrafacção, como já demonstrámos.
Sobre o outro documento que surgiu já em 1904 para tentar confirmar o tecelão, o chamado "Documento Assereto":
“É verdade que o documento, embora em papel, tinta e letra típicos da época, levanta algumas pequenas dificuldades (…): não é todo da mesma mão, certamente porque houve um amanuense encarregado de tomar o depoimento de cada testemunha e não o prestaram todos ao mesmo tempo, mas uma a 23 e as outras a 25 de Agosto; o nome de baptismo de Colombo aparece grafado tanto Christoforus, como Cristoforus e mesmo Cristofforus, consoante os escribas; a identificação das testemunhas é sumária, nem sempre se indicando a sua filiação, e os depoimentos não vão assinados. No entanto não há qualquer indício de que o documento tenha sido falsificado.”
Portanto, a "prova" que confirmaria a primeira também levanta algumas dificuldades, pequenas, diz o autor, pois não se referiu a todas.
Já dissecámos este outro documento, demonstrando que as dificuldades não são pequenas, mas enormes.
Quanto a não haver indício de que tenha sido falsificado, não se conhece nenhuma perícia que o tenha demonstrado. Aliás, estranho é que esta "prova" não esteja, convenientemente protegida como é óbvio, exposta ao público e constando no roteiro turístico para os visitantes de Génova. Se é assim tão importante serviria para eliminar todas as dúvidas.
E porque razão ainda persiste o maior erro, na verdade um grande embuste?
A resposta estará neste depoimento:
https://www.youtube.com/watch?v=rlsVFEycTm0
Carlos Calado
'Provas' {118 e 119} - pág. 892:
O seu (de Girolamo Benzoni) parti pris anti-espanhol
ressumbra já, embora discretamente, da história do ovo de Colombo.
É igualmente conspícuo na forma como relata o descobrimento do Novo Mundo: para
ele Colombo teria começado por propor o seu plano à Senhoria de Génova, de
que era natural, que, no entanto, o teve "por sonho e
efabulação" {118} ...
ACC:
Estas alegações baseiam-se em escritos e afirmações de Benzoni (1519-1570) bastante posteriores aos acontecimentos e da autoria de quem não faria a mínima ideia de quem era o Almirante.
FIM DAS 'PROVAS' DO TIO GENOVÊS DO PROF. THOMAZ
'Prova' {116} - pág. 785:
Entretanto, mandadas por carta ou apresentadas de viva
voz à corte pelos que regressavam, choviam em Espanha queixas contra os Colombos.
Assacavam-lhes mau governo, crueldade, e
inexperiência, como stranieri e oltramontani,
"estrangeiros e ultramontanos"que jamais haviam aprendido o modo de
governar gente de qualidade. Recorde-se que ultramontano, em sentido próprio,
significa "oriundo do outro lado dos Alpes".
ACC:
Não tendo conseguido encontrar nenhuma frase completa
e sem erros que tivesse sido escrita pelo Almirante em italiano, o Prof. Thomaz
consegue a proeza de pôr na voz ou na pena dos colonos espanhóis na Hispaniola
as queixas, veja-se, em idioma italiano. Tudo isso para nos dizer que
“oltramontani” significa “oriundo do outro lado dos Alpes”.
Esqueceu-se o inefável Prof. Thomaz que em italiano,
escolhido propositadamente para iludir o leitor, do outro lado dos Alpes, para
os italianos, fica o resto da Europa.
'Prova' {117} - pág.
849:
... Para mais os descontentes com a governação de
Ovando poderiam juntar-se-lhe e intentarem um golpe. Os inimigos de Colombo
insinuavam que ele queria alçar-se contra os Reis e entregar as Índias aos
genoveses o otra nación fuera de Castilla.
ACC:
O Prof. Thomaz escreve na mesma página:
“Há que notar que o próprio Almirante dera de certo
modo azo a tais rumores, pois sempre se associara a mercadores italianos, como
Gianotto Berardi, Francesco dei Bardi, Amerigo Vespucci, Girolamo Rufaldi,
Simone Verde, Francesco Doria, Francesco Sopranis di Riberoll, Gaspar Spinola e
Rafaele Catagno”.
Naturalmente que o Almirante estabelecera ligações com
genoveses pois estes, tal como os oriundos de outras grandes potencias
comerciais italianas - florentinos e venezianos – tinham uma forte presença
comercial e financeira em Castela. Recorrer a financiamentos ou negócios com
quem dominava o mercado não significa absolutamente que o Almirante fosse
genovês.
Note-se, aliás, que a frase utilizada pelos
descontentes expressa isso mesmo, pois acusavam Colon de querer entregar as
Índias aos genoveses, implantados em Castela, ou a outra nação fora de Castela.