segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Colombo genovês, o tio errado #1 ('Prova' 1)

'Prova' {1} - pág. 39: 

Giustiniani repete quase ipsis verbis o que escrevera Antonio Gallo, notário em Génova entre c. 1491 e 1510 e chanceler do Ufficio di San Giorgio, a quem, além de três comentários sobre história genovesa, se deve um Comentariolus datado de 1506 sobre a descoberta da América... 
"Cristóvão e Bartolomeu Colombo, irmãos, lígures de nação e nascidos em Génova {1}, de pais plebeus, que foram outrora cardadores de lanifícios, pois o pai era tecelão, e viveram de seu salário, alcançaram neste tempo grande celebridade por toda a Europa, pela sua audacíssima proeza e memorável novidade entre as humanas cousas." 

 ACC: 

Síntese:

A) Em 1506, Antonio Gallo demonstrou desconhecimento sobre a 'audacíssima proeza', a 1ª viagem do Almirante Cristóvão Colon (1492-93), porque:

- o seu irmão Bartolomeu Colon não participou nessa 1ª viagem,

- Bartolomeu só chegou a Castela, vindo de Inglaterra e França, depois dos seus dois irmãos, Almirante Cristóvão Colon e Diego Colon, terem partido para a 2ª viagem em Setembro de 1493, e

- os Reis Católicos entregaram-lhe três navios para se ir juntar aos irmãos, tendo ele chegado à Hispaniola em Julho de 1494. No documento de entrega é designado por Don Bartolomé Colon.

B) Gallo poderia saber da existência da família dos tecelões Colombo de Génova, mas

- não se atreveu a colocar Giacomo Colombo, irmão do Cristoforo Colombo, na pele de Diego Colon, um dos irmãos Colon.

C) O seu testemunho não tem valor probatório, porque só indirectamente terá tido conhecimento da 1ª viagem do Almirante Colon, através da divulgação em toda a Europa da carta que este remeteu, de Lisboa, ao tesoureiro dos Reis Católicos, carta em que o nome Colon foi deturpado, a dado passo da cadeia de divulgação.



Antonio Gallo poderia, eventualmente, conhecer razoavelmente ou ter-se informado sobre a existência da família dos tecelões Colombo. No entanto, demonstra que nada conhecia directamente sobre a viagem do Almirante Cristóvão Colon. O irmão Bartolomeu Colon não participou na descoberta, ou seja na 'audacíssima proeza'. Portanto, o Bartolomeo Colombo não teria participado junto com o Cristoforo Colombo caso fosse este o Almirante como defende o Prof. Thomaz. Além disso, no ano em que Gallo escreveu o 'Comentariolus' já deveria saber que havia três irmãos Colon envolvidos no conjunto das viagens e colonização: Cristóvão, Bartolomeu e Diego.

Diego Colon viajou logo com o Almirante na segunda viagem, iniciada em Setembro de 1493 e Bartolomeu só viajou para a Hispaniola em 1494, onde terá chegado em Julho, porque os Reis Católicos, quando este se apresentou na corte após regressar de Inglaterra e França, lhe tinham entregado três navios para que se juntasse a seu irmão. Nos respectivos documentos oficiais é designado por Don Bartolomé Colon. Mas, António Gallo apesar de aparentemente conhecer a família dos tecelões e saber da existência do Jacomo Colombo não se atreveu a chamar-lhe Diego Colon.

O testemunho de Gallo (Antonii Galli Navigatione Columbi per inaccessum antea Oceanum Commentariolus, in MURATORI, Ludovico - Rerum Italicarum scriptores, Vol. XXIII, 1733, págs. 301-304)  não tem assim nenhuma fiabilidade probatória porque resulta apenas do eventual conhecimento directo da existência da família dos tecelões Colombo e de conhecimento indirecto da viajem do Almirante Colon que foi divulgada em toda a Europa a partir da carta que este remeteu desde Lisboa para o tesoureiro dos Reis Católicos, Luis de Santangel. A dado passo dessa cadeia de divulgação houve deturpação no nome do Almirante, como se descreverá oportunamente.


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