Palestra da Profª Doutora Maria Manuela Mendonça
Cuba, 19 Maio 2012
(continuação, parte 4)
Isto estará presente em todo o processo
subsequente.
Sabe-se que Cristóvão Colon foi recebido
pelo Rei naquele dia, já noite. Foi uma viagem atribulada no dia em que chegou,
já à noite; sabe-se que foi ainda mais duas vezes e que depois regressou.
E eu, para não vos ocupar muito mais
tempo, gostaria apenas de registar que ele regressou e, no seu regresso ele
foi, de facto, visitar a Rainha!
Quem era a Rainha? – Dona Leonor! Estava
com quem? – Com a sua mãe! Quem era a mãe? – A velha mulher de ferro, a velha
Duquesa de Viseu, a mãe de D. Diogo, a mãe de D. Manuel, a líder da Casa de
Viseu, que então já se manifestava nos subterrâneos tentando fazer crescer uma
oposição a D. João II, que começava a ficar doente.
Não é por acaso que Cristóvão Colon vai
visitar e que é recebido pela Rainha e pela sua mãe – as grandes mulheres da
Casa de Viseu. Tem que haver necessariamente aqui um encontro muito forte entre
este homem e a Casa à qual pertencera e certamente por causa da qual terá saído
de Portugal.
Para terminar, eu apenas gostaria de focar
aqui um assunto, nós agora poderíamos falar ainda mais do motivo pelo qual D.
João II teria mandado chamar Cristóvão Colon, mas não vou já reflectir sobre
isso porque o tempo já não me deixa. Vou apenas referir, na minha opinião, que
D. João II recebeu Cristóvão Colon três vezes;
E recebeu porquê? - Recebeu porque quis
ter a certeza que “o tipo” tinha conseguido lá chegar!
Os cronistas portugueses dizem, e aliás
ele também escreveu isso no Diário, que o Rei o censurou no primeiro encontro,
dizendo-lhe que aquelas terras lhe pertenciam, pertenciam a Portugal; fez logo
uma alusão a isso – Tratado das Alcáçovas.
Fez logo alusão a isso no primeiro
encontro! E depois tem mais dois encontros. Para quê? – Só para obter
informações! Interessava a D. João II ! A primeira coisa que ele quis, foi saber
(deixem-me passar a expressão) - «Deixem-me
cá ver se este maluco, por acaso lá chegou. Chegou! Então vamos lá ver o que é
que ele me vai dizer!».
Ele recolheu todas as informações que
podia recolher de Cristóvão Colon. É que para D. João II o problema já se
colocava de outra maneira. Ele estava já no declínio do seu reinado. A ameaça
que ele faz de mandar preparar uma armada, capitaneada por D. Francisco de
Almeida, para ir tomar aquelas terras, isso foi tudo fogo-de-vista. Ali, o que
foi importante para D. João II foi garantir qual a estratégia a seguir; foi o
de garantir aquilo que o Rei tinha a certeza que era certo. E o que se tinha a
certeza que era certo já, era a rota do Cabo.
E portanto tudo se conjuga para que D.
João II, na sequência da informação certa, e esta é que é a importância de
Cristóvão Colon neste seu regresso, e neste seu reencontro.
Com a informação certa de que realmente
estavam lá aquelas terras, ele não quis reivindicar, D. João II não ia reivindicar
numa altura em que se abrira a rota do Cabo. Ele não ia reivindicar aquelas
terras do Ocidente que ele sabia que lá estavam. Ele quis foi ter a certeza!
Então, o que era importante agora era
negociar. Porque se ele conseguisse negociar, ele assegurava para si aquilo que
ele efectivamente queria!
… E negociou-se então o Tratado de
Tordesilhas…
... Bom, mas isso já seria um outro tema …
... Para concluir …
Cristóvão Colon ou era português ou veio
para Portugal quando era ainda muito novo!
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