O Colóquio foi
inserido no programa mais geral de celebrações em Vale do Paraíso, as quais
decorreram nos dias 8, 9 e 10 de Março, assinalando o encontro entre D. João II
e Cristóvão Colon naquela localidade, nesse ano de 1493.
Na mesa estiveram o Vice-Presidente
da Câmara Municipal de Azambuja, a Conferencista Profª Doutora Manuela
Mendonça, Presidente da Academia Portuguesa da História, o Engº Carlos Calado,
Presidente da ACC, que dirigiu a sessão, o Dr. José Machado Pereira, da Câmara
Municipal de Azambuja e responsável pelo espaço expositivo da Casa Colombo, e
ainda a Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Cuba, a convite da
organização local.
O ambiente era de
festa no exterior onde decorria uma feira medieval e o Colóquio iniciou-se após
o desfile comemorativo da chegada de Colon a Vale do Paraíso.
O Salão Nobre da
Junta de Freguesia, onde acabou por ter lugar o Colóquio foi, mesmo assim,
insuficiente para poder sentar a quase centena de pessoas que pretendiam
assistir, ficando algumas de pé. Os menos afortunados não conseguiram passar da
ombreira da porta.
As palavras da Profª
Doutora Manuela Mendonça foram essencialmente no sentido de realçar a
importância do encontro entre o Rei e Cristóvão Colon e do seu enorme
significado não só para a localidade, não só para Portugal, não só para a
Península, mas efectivamente para todo o Mundo.
Daquilo que D. João
II ficou a saber pelo relato de Colon veio a resultar a decisão do Rei enviar
de imediato uma embaixada aos Reis Católicos para reclamar para Portugal a
posse daquelas terras, porque elas se situavam abaixo do paralelo das Canárias,
linha que dividia as zonas de influência portuguesa e castelhana.
Dos acontecimentos
subsequentes, como as Bulas Papais, veio a chegar-se à assinatura do Tratado de
Tordesilhas, que alterou a anterior forma de divisão, passando esta a ser
delimitada por um meridiano em contraposição ao paralelo anterior. Vale do
Paraíso ficou assim indelevelmente associada a um dos factos mais marcantes da
história mundial.
Daquilo que se
passou no encontro entre D. João II e Cristóvão Colon temos relatos bastante
divergentes, pois o próprio Colon descreve o encontro como muito amistoso, com
o Rei a permitir-lhe que lhe falasse com o barrete na cabeça e mandando-o
sentar, enquanto os cronistas portugueses descrevem que o ambiente era bem mais
hostil.
O objectivo de D.
João II seria o de obter o máximo de informações sobre as terras encontradas,
que D. João já saberia que existiam, mas não sabia exactamente onde.
Colon tinha fugido
para Castela na sequência dos atentados contra D. João II, não porque tivesse
estado muito envolvido, mas mais provavelmente por receio, visto que seria um
navegador pertencente à Casa de Viseu / Beja.
Colon tinha ficado
com receio das justiças do Rei, como o demonstra a carta (se é que existiu) que
lhe terá servido de salvo-conduto para vir a Portugal em 1488, e que é
claramente uma resposta a um pedido enviado por Colon.
Durante a sua
conferência e no período de debate, a Profª Doutora Manuela Mendonça voltou a
manifestar a convicção de que Cristóvão Colon ou nasceu em Portugal ou veio
para cá muito novo.
A uma pergunta sobre
o motivo de Colon ter divulgado a D. João II onde se localizavam as terras onde
chegara mas o omitir aos Reis Católicos, a Profª Manuela Mendonça respondeu que
provavelmente Colon queria reservar para si próprio essa informação, que seria
para si um trunfo.
Sem comentários:
Enviar um comentário