segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Colombo genovês, o tio errado # 55 ('Prova' 88)

 {88} - pág. 685:

O primo João António

Entretanto haviam chegado a Génova novas do sucesso das duas primeiras viagens colombinas e do prestígio que o descobridor alcançara ante os reis e a nação. Foi nesse contexto que a 11.X.1496 seus primos Giovanni, Matteo e Amighetto Colombo, filhos de seu tio paterno Antonio Colombo {88}, decidiram enviar um deles a Espanha, a encontrar o Almirante, comprometendo-se por escritura notarial a partilhar as despesas da viagem, bem assim como os fundos que Giovanni, o enviado, eventualmente recuperasse em Espanha – o que, a não ser que tivessem sido responsabilizados pelas dívidas de Domenico, parece constituir um eufemismo para designar as mercês que esperavam obter do primo enriquecido.

 

 ACC:

Embora não seja claro o que é que o Giovanni pretenderia recuperar em 1496, visto que os genovistas alegam que o Cristoforo Colombo já não estaria em Génova desde antes de 1476 e não se conhece nenhum registo de dívida sua aos três irmãos ou ao pai deles, o acto notarial dos três irmãos está descrito (Cf. Raccolta, Parte II, Vol. I, pag. 161) e, no caso de realmente existir o seu original, é plausível que o tenham feito por ter corrido o boato de que o Almirante era o tecelão Cristoforo. Este acto notarial indica também que o tecelão Cristoforo não estaria em Génova nesta data.

Entre a data deste acto notarial e a partida do Almirante para a terceira viagem decorreu cerca de um ano e meio, o que teria sido tempo suficiente para o Giovanni Colombo ter ido a Espanha encontrar o Almirante, recuperar o que lhe fosse devido e regressar a Génova. Mas não se conhece nenhum registo de que tenha recebido nem dividido com os irmãos, pelo que fica a dúvida sobre o acto notarial.

 

Este primo João António, na opinião do Prof. Thomaz, ou Juan António, a quem o Almirante nomeou como capitão de um dos navios na terceira viagem não é o primo Giovanni do Cristoforo Colombo, pois numa carta do Almirante a Frei Gaspar de Gorricio, de Sevilha, 4 de Janeiro de 1505, de que foi portador um certo Andrea este é referido como irmão de Juan António. Nesse caso deveria este Andrea ter também subscrito o acto notarial de 1496, o que não aconteceu. Mas, na verdade, António Colombo, pai de Giovanni, não tinha nenhum filho Andrea, pelo que se Andrea era irmão de Juan António, então este Juan António não era o Giovanni Colombo.

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