'Prova' {111} - pág. 755:
A 8 de Dezembro a Banca respondeu-lhe
com uma carta que começa assim:
Illustri et preclarissimo viro Domino Christofaro,
Maiori Admirato Maris Oceani, Visse Regi et Gubernatori Generali Insularum
et Continentis Assie et Indiarum cerenissimorum Regis et Regine et
Capitaneo Generali Maris et Consiliario
Illustris vir et clarissime amantissimeque concivis et
domine memorandissime [ou seja: "ilustre varão, claríssimo e amantíssimo concidadão, e mui
memorável senhor"]
ACC:
A resposta do Ufficio di San Giorgio à(s) carta(s) do Almirante tem a particularidade de se tratar de uma carta dirigida a D. Diogo Colon na qual se diz que vai inclusa outra carta dirigida a seu pai, a qual o Prof. Thomaz traduziu e publicou. Estão datadas de 8 de Dezembro de 1502. Henry Harrisse publicou ambas as cópias.
Nenhuma das cartas existe nos arquivos de Espanha
nem a elas há qualquer referência pelo Almirante ou pelo seu filho. Pelo
contrário, Cristóvão Colon mostrou o seu desagrado por não ter obtido resposta,
como se verá.
A “explicação” de Harrisse para a tardia resposta do
Ufficio di San Giorgio é de que Oderigo não teria recebido naquela ocasião o
Livro dos Privilégios e as cartas que lhe levou Francisco de Ribarol, porque
foi novamente nomeado para se deslocar a Castela em 9 de Abril e só terá
regressado a Génova meses depois e só nessa altura entregou ele as cartas ao Ufficio
di San Giorgio.
Isto apesar de Ribarol ter confirmado a Colon que
tinha entregado tudo ao destinatário, como se verá.
Pelos vistos, uma viagem entre Sevilha e Génova era
bastante mais demorada que uma viagem até ao Novo Mundo!
Do extenso arrazoado das cartas que não chegaram ao
destino extraímos, simplificadamente, o seguinte:
- Na carta a D. Diogo Colon:
…E excelência do Almirante vosso pai pela sua carta
datada de 2 de Abril… pois parece que ele (O Almirante) ordenou a Vossa
Excelência para enviar para esta cidade, cada ano, um décimo do rendimento a
que vós tendes direito, com o objectivo de eliminar ou reduzir o imposto
cobrado no milho, vinho e outras mercadorias…
Na carta ao Almirante:
Ilustríssimo concidadão senhor dom Cristoforo
Almirante maior do Mar Oceano…
Fiquei muito grato pelo afecto que demonstrais à
vossa primeira pátria, pela qual tendes singular amor e caridade,,, tendo
ordenado ao vosso filho …que da décima de cada renda sua cada ano deverá nesta
cidade providenciar ao desconto da taxa de trigo, vinho e outras vitualhas …
Note-se que apenas é referida uma carta e que o Uffício
refere em ambas que a décima se destina a beneficiar a cidade, algo que o
Almirante não escreveu.
Destaque-se que o chanceler de S. Giorgio era
Antonio Gallo, esse mesmo que escreveu que conhecia muito bem a família Colombo
e que “os
irmãos Cristoforo e Bartolomeo Colombo,
lígures de nação, nascidos em Génova de pais plebeus, e que viviam da
tecelagem, em que o pai foi tecelão e
os filhos, num tempo, cardadores, alcançaram em toda a Europa, nos
tempos a que chegámos, uma grande celebridade pela sua coragem e por um
descobrimento que será um marco na história da humanidade…”
Estamos
portanto perante uma grande embrulhada, em que das duas cartas enviadas
simultaneamente pelo Almirante (desde Sevilha) ao Ufficio di San Giorgio (em Génova), apenas há (em Génova) cópias
de duas cartas de resposta a apenas uma das enviadas (não havendo qualquer
menção à outra), as quais respostas por acaso também não chegaram aos
destinatários (Diogo Colon e seu pai).
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