'Prova' {107} - pág. 714:
(Las Casas) Transcreve em seguida o que escrevera
Colombo, concluindo a citação com um breve comentário: todo estas son
palabras del Almirante, con su humilde y falto de propriedad de vocablos,
estilo, como quién en Castilla no habia nacido.
ACC:
E qual é a novidade por Las
Casas comentar que ao Almirante faltavam vocábulos, como faltavam a quem não
tinha nascido em Castela?
Isto é para o Prof. Thomaz
uma prova da genovesidade do Almirante?
'Provas' {108 e 109}
- pág. 750:
Vendo cerceados pelos Reis Católicos os privilégios
que lhe haviam outorgado em Santa Fé, decidiu então entregar cópia deles a
Nicoló de Oderigo, embaixador da Senhoria de Génova na corte espanhola,
depositando os originais na Cartuxa de Santa Maria de las Cuevas, em
Sevilha {108}
Conservam-se duas cartas de Colombo a Oderigo,
escritas ambas em Sevilha, datada uma de 21.III.1502 e outra de 27.XII.1504, em
que se refere tanto aos cartulários autenticados que lhe mandara entregar
como a dois cartapácios de cartas missivas que mandara copiar, hoje perdidos,
de que confiou um exemplar ao banqueiro genovês de Sevilha Francisco de
Ribarol, enviando outro para Génova, ao antigo embaixador, por intermédio
de Franco Catanio, também conhecido por Francisco Cataño, igualmente genovês,
mercador estante em Cádiz. {109}
ACC:
Uma das acima mencionadas cartas do Almirante, apresentada como sendo dirigida a Oderigo (embora só seja reproduzido o interior e não o reverso da folha, no qual estaria o nome do destinatário) encontra-se publicada na Raccolta, P. I, Vol. III, Série A, Tav. XIII, com transcrição na pág. 13. É considerada autógrafa, isto é, escrita pela mão de Colon:
«Senhor,
A saudade em
que nos deixaste não se pode descrever.
O livro das
minhas escrituras dei ao senhor Francisco de Ribarol para que vo-lo envie com
outro treslado de cartas mensageiras.
Do recato e
do lugar em que o colocardes vos peço por mercê para o escreverdes a Dom Diogo.
Outro tal
[livro de escrituras] se acabará e se vos enviará pela mesma forma e pelo mesmo
senhor Francisco. Nele encontrareis escritura nova.
Suas Altezas
prometeram dar-me tudo o que me pertence e de pôr em possessão de tudo a Dom
Diogo como Vicerei. …
…Feita em
Sevilha a 21 de Março de 1502 »
A carta, para além
de ser considerada autógrafa, afigura-se verosímil. O Almirante escreve a
Oderigo informando-o que entregou a Ribarol o Livro das escrituras para que
este o envie a Oderigo, o qual deve guardar o Livro em lugar seguro e depois
informar Dom Diogo Colon sobre qual foi esse lugar.
Está a ser
terminado outro Livro de privilégios que será enviado pela mesma forma. Nele Oderigo
irá encontrar uma escritura nova [refere-se naturalmente ao Testamento
Mayorazgo de 1502, que Colon iria fazer em 1 de Abril, antes de partir para a
4ª viagem em 11 de Maio]. Era essa a escritura que estava em preparação.
Note-se que esta nova escritura, este Testamento mayorazgo de 1502, acabou por desaparecer.
Uma outra conclusão sobre o conteúdo da carta é de que o Almirante não entrega os Livros dos Privilégios a Oderigo para que este os faça chegar à República de Génova; entrega-lhos para que ele os guarde em lugar recatado! Mas deverá informar Dom Diogo Colon!
Portanto é lógico
concluir que o fulcro, o importante para Colon não é Génova, é o segredo, é que
o Livro fique em segurança!
Confirma-se que não foram entregues por
Oderigo à República de Génova. Ficaram à sua própria guarda! Pois as duas
cópias de Oderigo foram vendidas por um descendente seu à República de Génova
em 1670.
Não constando o Mayorazgo de 1502 nesses dois
exemplares do Livro dos Privilégios, compreende-se que não conste no exemplar
enviado nesta primeira remessa de Março porque ainda não fora efectuado, mas ao
não constar no exemplar que seria enviado posteriormente, como diz o Almirante,
a tal nova escritura ou não chegou a ser incluída ou foi depois subtraída em
Génova.
O Prof. Thomaz falta pois, mais uma vez, à verdade quando escreve na pág. 751:
“Dos
originais dos privilégios de Colombo tirara o tabelião Martim Rodriguez, a 5 de
Janeiro de 1501, na presença do alcalde de Sevilha, quatro cópias autenticadas,
de que apenas duas chegaram aos nossos dias. Estiveram até 1670 em poder dos
descendentes do embaixador Oderigo – que, pelos vistos as não remeteu integralmente
ao doge nem ao conselho, a quem sem dúvida eram destinados – vindo apenas
naquela data a ser entregues, agora como antigualha, à Serenissima Repubblica di Genova.”
Não há na carta absolutamente nenhuma indicação de que a remessa dos documentos se destine ao doge ou ao conselho genovês. Pelo contrário, está bem explícito que o Almirante pede a Oderigo para os guardar recatadamente em lugar seguro e informar seu filho D. Diogo de qual foi esse lugar.
A segunda carta será objecto de análise mais adiante, na 'prova' {112}.
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