quinta-feira, 3 de março de 2022

Colombo genovês, o tio errado #64 ('Provas' 105, 106)

'Prova'  {105}

Embora já posterior à morte do navegador ... a relação apresentada ao Senado de Veneza a 16.XI.1525 por Gasparo Contarini, embaixador da Sereníssima República na corte espanhola, em que, após referir as questões de limites entre Portugal e Castela surgidas al tempo di Colombo genovese, afirma que naquele momento era governador de Santo Domingo o almirante D. Diego, figliulo di Colombo genovese {105}

 ACC:

Esta alegação baseia-se em escritos e afirmações bastante posteriores aos acontecimentos e da autoria de quem não faria a mínima ideia de quem era o Almirante.

 

'Prova' {106}

A habilitação de D. Diego Colón, filho do 2º Almirante D. Diego, e portanto neto de D. Cristóvão, para ser admitido na Ordem de Santiago, em Madrid a 8.III.1535, em que três testemunhas, Diego Méndez, Pedro de Arana e Rodrigo Barreda afiançaram que o dito almirante e vice-rei era filho de Christoval Colon ginovés {106} , natural de Savona segundo a primeira testemunha de um lugar da Senhoria de Génova que não sabiam identificar segundo as outras duas

ACC:

Sobre a habilitação do neto do Almirante à Ordem de Santiago, referida na alegação, em que três testemunhas que conviveram com o Almirante o disseram genovês, basta lembrar ao Prof. Thomaz que também nos Pleitos sucessórios, mais de um século depois dos factos inquiridos se apresentou Baldassare Colombo, de Cuccaro Monferrato, trineto de Francisquino Colombo, munido de uma declaração em que quatro dezenas de testemunhas em Monferrato asseguraram que Francisquino era irmão de Domenico Colombo, pai de Cristoforo Colombo. Francisquino e Domenico seriam filhos de Lancia Colombo, dos Senhores de Cuccaro.

Se o que as testemunhas juraram era verdade, então toda a história do tecelão genovês, defendida pelo Prof. Thomaz, só teria lugar no lixo sem direito a debate nem contraditório, pois nessa história, Domenico Colombo, pai de Cristoforo Colombo, era irmão de António Colombo de Quinto e filho de Giovanni Colombo de Moconesi.

Se não era verdade, qual é então o valor de quaisquer testemunhos proferidos por interesseiros, coniventes  ou comprometidos?

Tenha-se ainda em conta que Diego Mendez, fiel servidor do Almirante, era filho adoptivo do Conde de Penamacor, D. Lopo de Albuquerque, e em Castela sempre mentiu sobre a sua própria identidade. Se mentia sobre a sua identidade porque isso lhe era conveniente, porque razão não mentiria sobre a identidade do amo a quem serviu dedicadamente, de tal forma que até foi graças à sua voluntariosa decisão de remar numa pequena e rudimentar piroga desde a Jamaica até à Hispaniola, para alcançar socorro para toda a tripulação que ali ficara retida por mais de um ano devido à impossibilidade da caravela voltar a navegar, que o Almirante Colon tal como o filho Hernando e restante tripulação, conseguiram sobreviver e regressar.

Para o ingresso nas Ordens Militares era condição que o candidato pertencesse às classes sociais elevadas de linhagem antiga e não tivesse ascendência judaica.

Se o Almirante fosse o tal tecelão genovês, seria uma impossibilidade que o seu neto cumprisse essas condições de acesso à Ordem.

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