'Prova' {24} - pág. 148:
Inversamente, cabe perguntar: se Colombo não era
genovês, que andava ele a fazer em Xio? infringindo o estanco da almécega?
ACC:
Como o autor afirma na pág. 147:
“nenhum documento conhecido refere nominalmente a presença de Colombo em qualquer das duas expedições de 1474-75 sendo possível que haja navegado para Xío (Chios) na expedição comercial que zarpou de Savona (onde os Colombos residiam desde c. 1470) a 25 de Maio de 1474 … mas o seu nome não consta do rol da tripulação nem de uma nem de outra (embarcação), onde pode contudo ter embarcado como passageiro, mercador, agente comercial ou mesmo barbeiro e não como marinheiro. Outra hipótese é ter partido na expedição imediata, que largou de Génova em Setembro seguinte, transportando reforços para a ilha, ameaçada pelos Otomanos.”
Coitado do Colombo, qualquer profissão lhe pode ser colada para justificar a sua ‘clandestinidade’ nos registos onde era suposto figurar.
Na verdade o Almirante menciona que viu árvores de almécega na ilha de Xío, mas quer a frase em que se insere essa afirmação, quer todo o parágrafo, permitem admitir que se tratou apenas de uma bazófia para que os Reis considerassem que ele descobrira terras muito valiosas para a Coroa. Invoca Plínio para a descrição das árvores e dos seus frutos antes de dizer que as viu em Xío, e seguidamente valoriza também a existência de algodão nas novas terras descobertas:
“… y en este río de Mares, de donde partí esta noche, sin duda hay grandísima cantidad de almáciga y mayor si mayor se quisiere hacer, porque los mismos árboles plantándolos prenden de ligero y hay muchos y muy grandes y tienen la hoja como lentisco y el fruto, salvo que es mayor, así los árboles como la hoja, como dice Plinio, y yo he visto en la isla de Xío, en el Archipiélago,…”
“… Y también
aquí se habría grande suma de algodón y creo que se vendería muy bien acá sin
le llevar a España, salvo a las grandes ciudades del Gran Can que se des cubrirán
sin duda y otras muchas de otros señores que habrán en dicha servir a Vuestras
Altezas, y adonde se les darán de otras cosas de España y de las tierras de
Oriente, pues éstas son a nos en Poniente….”
Também não é de excluir a hipótese de o Almirante ter estado efectivamente em Xío, na sua actividade como corsário, que se regista desde o início dessa década, ou mesmo no comércio de açúcar da Madeira numa fase da sua vida, pois Xio era um entreposto que recebia açúcar da Madeira.
Deve ainda
ter-se em linha de conta que a sua correspondência com Toscanelli aponta para a
sua presença em Portugal já antes das expedições a Xío mencionadas pelo autor.
Seguindo a
mesma linha de raciocínio queo Prof. Thomaz, poderia então perguntar-se, se o
Almirante não era português o que estava ele a fazer com D. João II quando este
recebeu os importantíssimos relatos de Mestre José em 1485 ou de Bartolomeu
Dias em 1488? A infringir os segredos estratégicos da Coroa Portuguesa?
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