'Provas' {29} e {30} - pág. 158:
Cristóvão Colombo viera para Portugal em 1476, nas
circunstâncias fortuitas que há pouco vimos. Só não resulta claro se se
fixou em Lisboa por seu irmão Bartolomeu aí residir já ao tempo, exercendo o
mester de cartógrafo. Assim o afirmam tanto Bartolomeu Senarega como Agostino
Giustiniani {29}, aparentemente na trilha de Antonio Gallo, notário em Génova
entre c. 1491 e 1510 e chanceler do Uffício di San Giorgio, a
quem, além de três comentários sobre história genovesa, se deve um Comentariolus datado
de 1506 sobre a descoberta da América {30}
ACC:
Uma frase do próprio Almirante Colon, em que diz que andou 14 anos a servir esse rei (D. João II), demonstra que tal aconteceu desde c. 1471, pois em 1485 foi para Castela.
O que
vimos, em {25} foi que a chegada do Almirante a Portugal em 1476 não é senão a
deturpação propositada do que foi escrito por D. Hernando Colón, de forma a
fazer crer que ele se enganou na batalha naval ao situá-la num período que
corresponde a 1485. Deturpa-se e insiste-se em 1476 para conseguir encaixar
Colombo em navios genoveses.
Pois se
Bartolomeo Senarega e Agostino Giustiniani afirmam que Bartolomeu, irmão do
Cristoforo, já residia em Lisboa quando Cristoforo aí se fixou, estão ambos
errados e é o próprio D. Hernando que o afirma, dizendo que Giustiniani mentiu,
pois o Almirante já ali habitava antes e ensinou tudo ao irmão:
La prima adunque è, che
l'Ammiraglio andò a Lisbona ad imparare la cosmografia da un suo fratello che
quivi aveva: il che è il contrario, perché egli abitava in quella città avanti,
ed insegnò al fratello quel che quegli seppe.
O Prof. Thomaz admite que:
“recentemente
foi encontrado nos Arquivos notariais de Valência um contrato de 23.VIII.1479
pelo qual um tal “Bartolomeo Colom”, genovês, é recebido como aprendiz de
Antonio di Piero, mestre tecelão de seda florentino residente em Valência, por
cinco anos … é bem possível que se trate do irmão do nosso Cristóvão; mas isso
não impediria que antes ou depois de ir residir em Valência tenha morado em
Lisboa. A priori, o percurso mais
lógico seria dedicar-se primeiro ao mister tradicional da família em Valência e
reconverter-se em seguida à cartografia em Lisboa, onde a sua presença apenas
está atestada c. 1485, quando Cristóvão o enviou a Inglaterra, a oferecer a
Henrique VII o seu projecto de descobrimento”
Portanto, o autor aceita que pode tratar-se do irmão
do Cristoforo Colombo aquele Bartolomeo genovês que foi para Valência. Já lhe
será mais difícil demonstrar que este tecelão Bartolomeo Colom era o irmão do
Almirante. De facto, após cinco anos de aprendizagem na arte de confeccionar
damascos, o Bartolomeu teria vindo direitinho para Lisboa e logo de seguida
enviado como emissário de alto estatuto para fazer uma proposta a Henrique VII.
Na realidade este Bartolomeo Colom genovês, aprendiz
em Valência, não sendo o irmão do Almirante pode também não ser o irmão de
Cristoforo, pois o Bartolomeo Colombo, filho de Domenico, consta numa
procuração feita por seu pai em 16.VI.1480 em Savona (Raccolta Colombiana, Parte II, Vol. I, doc. LXV). Estando em
Valência na aprendizagem de confecção de
damascos, não poderia estar ao mesmo tempo em Savona para ser procurador de seu
pai.
D. Hernando terá, obviamente, razão pois quer a
correspondência do Almirante com Toscanelli, que se pode datar de 1474-1475,
quer uma carta do Almirante ao Rei Fernando o Católico (de que o Autor reproduz
um extracto em {25}, em que ele afirma que durante 14 anos andou a tentar que o
Rei D. João II concordasse com o que dizia), e que conduz até 1471, demonstram
que o Almirante vivia em Portugal bem antes de qualquer data atribuída pelas
diferentes visões genovistas.
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