'Prova' {5} - pág.
73:
[D. Hernando] … depois de dar a crer que não sabia ao
certo de onde era oriundo seu pai, aventando entre outros lugares, Placência da
Lombardia como sua pátria – o que lhe permitia insinuar o seu parentesco com os
Colombos nobres dessa cidade – descai-se no capítulo V a dizer que quando
Colombo se salvou a nado da batalha do Cabo S. Vicente, se dirigiu a Lisboa dove
sapeva che si trovavano molti della sua nazione genovese; ... essendo
conosciuto da loro ... i.e. "onde sabia que se encontravam muitos da
sua nação genovesa; ... sendo deles conhecido ..." {5}
ACC:
Na obra de
D. Hernando consta efectivamente, no cap. V
E poiché non era lontano da
Lisbona, dove sapeva che si ritrovavano molti della sua nazione genovese, più
presto che potè si trasferì quivi dove, essendo conosciuto da loro, gli fu
fatta tanta cortesia e sì buona accoglienza che mise casa in quella città e
tolse moglie.
Precisamente
no mesmo cap. V em que se relata a batalha naval do cabo S. Vicente, que D.
Hernando descreve com uma precisão tal que a permite situar em 1485, sem outra
hipótese alternativa, tendo os historiadores, incluindo o Prof. Thomaz (Cristóvão
Colombo, o Genovês, meu tio por afinidade) decidido que ele se enganou:
"Como veremos, D. Hernando confunde no entanto a batalha
naval de 13 de Agosto de 1476 com a que se travou nove anos mais tarde, a 21 do
mesmo mês, em que o tal Colombo-o-Moço ou Jorge Bissipat tomou parte ao serviço
da França, atacando uma urca flamenga e quatro galeaças venezianas em que vinha
para Portugal o primeiro embaixador veneziano". (in
THOMAZ, L.F., Op. cit; págs. 53/54).
Como
Bartolomé de las Casas na sua História das Índias (Tomo I, cap. IV, pág. 52),
refere também a ida de Colombo para Lisboa onde havia muitos da sua nação
genovesa, e las Casas faleceu (1566) antes da publicação em italiano (1571) da
História do Almirante de Hernando Colón, será seguro deduzir que teve acesso ao
manuscrito original de D. Hernando, em castelhano, não podendo ser aduzido que
a referência à nação genovesa se trate de interpolação do editor ou do tradutor
de D. Hernando.
O que deve
ter-se em consideração, tal como invoca o Prof. Thomaz, é que D. Hernando
escreveu a História do Almirante em plena fase dos Pleitos colombinos, contra a
Coroa espanhola, e que, por isso, era necessário continuar a narrativa que
atribuía ao Almirante a origem genovesa. No momento próprio, i.e. em resposta à
'prova' correspondente, será abordada a génese desta narrativa.
De qualquer
forma saliente-se a incongruência dos historiadores que decidiram que D.
Hernando se enganou na batalha, mas aceitam como boa a descrição dos
acontecimentos subsequentes.
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