domingo, 5 de dezembro de 2021

Colombo genovês, o tio errado #4 ('Prova' 5)

 

'Prova' {5} - pág. 73:

[D. Hernando] … depois de dar a crer que não sabia ao certo de onde era oriundo seu pai, aventando entre outros lugares, Placência da Lombardia como sua pátria – o que lhe permitia insinuar o seu parentesco com os Colombos nobres dessa cidade – descai-se no capítulo V a dizer que quando Colombo se salvou a nado da batalha do Cabo S. Vicente, se dirigiu a Lisboa dove sapeva che si trovavano molti della sua nazione genovese; ... essendo conosciuto da loro ... i.e. "onde sabia que se encontravam muitos da sua nação genovesa; ... sendo deles conhecido ..." {5}

 

ACC:

Na obra de D. Hernando consta efectivamente, no cap. V

E poiché non era lontano da Lisbona, dove sapeva che si ritrovavano molti della sua nazione genovese, più presto che potè si trasferì quivi dove, essendo conosciuto da loro, gli fu fatta tanta cortesia e sì buona accoglienza che mise casa in quella città e tolse moglie.

Precisamente no mesmo cap. V em que se relata a batalha naval do cabo S. Vicente, que D. Hernando descreve com uma precisão tal que a permite situar em 1485, sem outra hipótese alternativa, tendo os historiadores, incluindo o Prof. Thomaz (Cristóvão Colombo, o Genovês, meu tio por afinidade) decidido que ele se enganou:

"Como veremos, D. Hernando confunde no entanto a batalha naval de 13 de Agosto de 1476 com a que se travou nove anos mais tarde, a 21 do mesmo mês, em que o tal Colombo-o-Moço ou Jorge Bissipat tomou parte ao serviço da França, atacando uma urca flamenga e quatro galeaças venezianas em que vinha para Portugal o primeiro embaixador veneziano". (in THOMAZ, L.F., Op. cit; págs. 53/54).

 

Como Bartolomé de las Casas na sua História das Índias (Tomo I, cap. IV, pág. 52), refere também a ida de Colombo para Lisboa onde havia muitos da sua nação genovesa, e las Casas faleceu (1566) antes da publicação em italiano (1571) da História do Almirante de Hernando Colón, será seguro deduzir que teve acesso ao manuscrito original de D. Hernando, em castelhano, não podendo ser aduzido que a referência à nação genovesa se trate de interpolação do editor ou do tradutor de D. Hernando.

O que deve ter-se em consideração, tal como invoca o Prof. Thomaz, é que D. Hernando escreveu a História do Almirante em plena fase dos Pleitos colombinos, contra a Coroa espanhola, e que, por isso, era necessário continuar a narrativa que atribuía ao Almirante a origem genovesa. No momento próprio, i.e. em resposta à 'prova' correspondente, será abordada a génese desta narrativa.

De qualquer forma saliente-se a incongruência dos historiadores que decidiram que D. Hernando se enganou na batalha, mas aceitam como boa a descrição dos acontecimentos subsequentes.

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