'Prova' {40} - pág. 226:
Do nosso ponto de vista ... aquela oferta de serviços
aos Reis de Inglaterra e de França ... inviabiliza a ideia de que Colombo
tivesse actuado como agente de D. João II para atrair para o Novo Mundo as
atenções de Espanha, e assim as desviar das verdadeiras ìndias. Que teria
sucedido se Henrique VII de Inglaterra que c. 1490 recusou os serviços de
Colombo mas veio uns quatro anos mais tarde a aceitar os de João Caboto,
... tivesse aceitado a oferta do primeiro.
D. João II jamais poderia incorrer tamanho risco ...
ACC:
Entre o que escreveu o Almirante em carta dirigida aos
membros do Conselho c. 1501, na qual afirma que: “Já vão 17 anos que eu vim a servir
estes Príncipes com a empresa das Índias … Eu com amor prossegui nela e
respondi a França, a Inglaterra e a Portugal que para o Rei e Rainha, meus
Senhores, eram essas terras e senhorios”
E o que escreveu, dezenas de anos mais tarde, Hernando
Colon:
“Ma temendo, se parimente i re di
Castiglia non assentissero alla sua impresa, non gli bisognasse proporla di
nuovo a qualche altro principe, e così in ciò passasse lungo tempo, mandò in
Inghilterra un suo fratello che aveva presso di sé, chiamato Bartolomeo Colón, …
cominciò a far pratiche col re Enrico Settimo… Ma, tornando al re
d'Inghilterra, dico che da lui il mappamondo veduto e ciò che l'Ammiraglio gli
offriva, con allegro volto accettò la sua offerta e mandollo a chiamare. Ma,
perché Dio l'aveva per Castiglia serbata, già l'Ammiraglio in quel tempo era
andato e tornato con la vittoria della sua impresa, …
(Historie, cap. XI)
(…)
… in Spagna, e che tardava troppo a
dare effetto alla sua impresa, deliberò di andare a trovare il re di Francia, al quale già aveva scritto sopra
questo, con proponimento, se quivi non fosse udito, di andar poi in Inghilterra
a cercare il fratello, del quale non aveva novella alcuna.
(Historie, cap. XII bis)
(…)
Perché, quantunque l'Ammiraglio fosse
già fuori d'ogni speranza e sdegnato, vedendo il poco animo e giudizio che
trovava nei consiglieri delle Altezze loro, nondimeno, per il desiderio che
dall'altra parte era in lui di donar questa impresa alla Spagna, …. Il che fu
cagione ch'egli aveva rifiutate le altre offerte che gli altri principi gli
avevano fatte, … sì come egli riferisce in una sua lettera scritta alle loro
Altezze, dicendo così:
«Per
servir le Altezze vostre io non ho voluto impacciarmi con Francia, né con
Inghilterra, né con Portogallo, dei quali principi le Altezze vostre videro le
lettere per mano del dottor Viglialano».
(Historie, cap. XII bis)
O autor opta por dar
preferência ao que escreveu Hernando a propósito das propostas a Inglaterra e
França, desprezando, simultaneamente, quer o que escreveu o Almirante, quer
também esse mesmo escrito que Hernando reproduziu e onde o Almirante afirma que
Suas Altezas viram as cartas escritas pelos Príncipes (de Inglaterra, França e
Portugal).
Note-se ainda as inconsistências cronológicas de D.
Hernando no relato das propostas a Inglaterra e França, pois afirma que quando
o Rei de Inglaterra decidiu aceitar a proposta que Bartolomeu lhe tinha
apresentado (em Fevereiro de 1488), já o Almirante tinha regressado da sua
viagem (Março 1493) – enquanto o Prof. Thomaz escreve que Henrique VII a recusou c. 1490 - e que o
próprio Almirante pensou ir pessoalmente a França (1492) e depois seguir para
Inglaterra ao encontro do seu irmão – e assim não incumbira o irmão de a
apresentar ao Rei de França
Portanto, Bartolomeu Colon, que partira em 1485 para
Inglaterra com o intuito de apresentar a proposta ao Rei, tinha-se demorado
nada mais nada menos que oito anos, e pelo menos cinco deles após essa
apresentação. Se o objectivo era não perder tempo caso Castela recusasse, muito
mal andou Bartolomeu. E depois ainda ficou por França, onde acabou por saber
que o irmão já tinha feito a viagem às ‘Indias’, regressado a Castela e partido
novamente para segunda viagem.
Tudo somado, torna-se mais nítida uma certa forma de
pressão para que os Reis Católicos se decidissem a aceitar.
Muito estranho é ainda que o Almirante tenha mostrado
aos Reis Católicos uma carta do Rei de Portugal a aceitar a sua proposta. Não
consta nas crónicas portuguesas que D. João II recusou? Ou será que foi apenas
uma encenação?
De qualquer forma, o que o Prof. Thomaz considera a
prova {40} nada tem a ver com a pretensa genovesidade do Almirante.
Sem comentários:
Enviar um comentário