quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Colombo genovês, o tio errado # 27 ('Prova' 45)

 {45} - pág. 252:

Segundo Hernando Colón, apesar de ter mudado de apelido, seu pai não deixou, porém, de continuar a merecer o epíteto de Colombo, que, como é sabido, significa "pombo"

"diremo che veramente fu colombo, in quanto portó la grazia dello Spirito Santo a quel novo mondo che egli scopri ..."

 

ACC:

O risco que se corre ao transcrever e considerar apenas uma pequena parte de um discurso mais amplo, como acontece nesta situação, é o de descontextualizar e consequentemente deturpar o que pretendia dizer quem escreveu esse discurso.

Hernando Colon não disse sequer que seu pai não deixou de continuar a merecer o epíteto de Colombo, mas sim que “…foi na verdade um colombo (= pombo, em português) por ter levado a graça do Espírito Santo…”

Esta sua frase vem na sequência do que escrevera antes, e que mais abaixo se transcreve, sobre a possível naturalidade de seu pai. Muitas localidades lhe eram atribuídas, entre as quais Piacenza, onde há pessoas honoráveis da sua família …

 

“… lo fanno di Piacenza, nella qual città sono alcune onorate persone della sua famiglia, e sepolture con armi, e lettere di Colombo, perché in effetto questo era già l'usato cognome dei suoi maggiori ancorché egli, conforme alla patria dove andò ad abitare e a cominciar nuovo stato, limò il vocabolo acciò che avesse conformità con l'antico, e distinse quelli che da esso discendessero da tutti gli altri che erano collaterali, e così si chiamò Colón.

Considerato questo, mi mossi a credere che, siccome la maggior parte delle sue cose furono operate per alcun mistero, così quello che tocca alla varietà di cotal nome e cognome non avvenne senza mistero. Molti nomi potremmo addurre in esempio, che non senza occulta causa furono posti per indizio dell'effetto che aveva a provenire, siccome in quello che tocca a colui di cui fu pronosticata la maraviglia e novità di quello che fece. Perché, se abbiamo riguardo al cognome comune dei suoi maggiori, diremo che veramente fu colombo, in quanto portò la grazia dello Spirito Santo…”


Para D. Hernando, que desconhecia ou não desejava divulgar a origem de seu pai, como lhe chamavam Colombo então, a sugestão mais apropriada para ir ao encontro do que se dizia, seria de que seu pai provavelmente descenderia da ilustre família dos Colombos de Piacenza.

Agora, usava o nome Colon, adaptado à pátria que habitava e distinto do nome dos seus colaterais, mas era na verdade um pombo (= colombo, em italiano), símbolo do Espírito Santo.

Diz ainda o Prof. Thomaz (pág. 251) que D. Hernando deixa entrever três razões para a mudança de sobrenome de seu pai: acomodá-lo ao uso de Castela, marcar uma rotura com o passado e o início de uma nova vida, e dar início a uma linhagem distinta da de seus colaterais.

Mas o nome Colon não existia em castelhano, existindo Colom em catalão e no caso de ser para dar início a uma linhagem distinta, então seus irmãos não deveriam ter o mesmo apelido, apenas os seus descendentes.

Curioso é verificar que a adopção de um apelido diferente do apelido do progenitor acontecia para filhos bastardos, existindo em Portugal inúmeros exemplos de linhagens com essa origem, podendo assim também deduzir-se que os três irmãos Colon seriam filhos bastardos de um mesmo progenitor que pretenderam marcar uma rotura com o passado ao mudarem-se para Castela.

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