'Prova' {61} - pág. 311:
... corrobora-o Pedro Mártir de Angléria, na carta de
13.IX.1493 em que participa ao Conde de Tendilla e a Frei Hernando de Talavera,
o sucesso da primeira viagem de Colombo:
Erguei a mente, vós dois, sábios que
envelheceis, e escutai o novo invento: lembrai-vos de o lígur Colón {61}
ter instado no arraial junto dos Reis, acerca de percorrer pelos antípodas
ocidentais o novo hemisfério das terras ...
ACC:
Pietro Martire d’Anghiera, que tinha
acompanhado o embaixador de Castela na Santa Sé quando este regressou ao seu
país em 1487 e ficara depois a leccionar em Salamanca era, à data do regresso
de Colon, o capelão dos Reis Católicos, e antes destas epístolas de Setembro,
escrevera em 14 de Maio ao seu protector Giovanni Borromeo, Conde de Arona e
Anghiera, dando conta do regresso do Almirante. Sem sequer o conhecer bem, como
demonstra a expressão que utilizou para o mencionar – «Regressou das Antípodas ocidentais um tal Cristoforo Colonus, homem lígure…» Pietro
Martire decidiu chamar-lhe homem lígure, estabelecendo de alguma forma uma
ligação à sua própria região natal na ‘Itália’, apesar de manter latinizado
para Colonus o apelido Colon, sem o deturpar para Columbo.
Mas nesta sua recolha, o Prof. Thomaz parece
não se ter apercebido do nome Colonus, ofuscado pela qualificação “lígure” que
lhe saltou à vista.
Curiosamente
os lígures foram um dos povos que ocuparam o território do sul de Portugal,
Alentejo / Algarve no séc. V a.C. (Cf.
MELO. Amílcar – Portugal económico,
político e social. Lisboa: Ed. Vieira da Silva, 2016. Págs.26- 27)
Argumenta ainda o Prof. Thomaz, na ‘linguagem elegante e própria’ de prestigiado historiador profissional que tem vindo a utilizar para apodar quem não partilha da sua opinião, que não foi a partir das cartas de Pedro Mártir que se difundiu a lenda do Colombo lígure, pois só vieram a ser publicadas em 1511.
Deve assim presumir o Prof. Thomaz que quer o remetente
quer os destinatários se mantiveram em silêncio e nunca repetiram a ninguém o
boato do homem lígure.
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