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E por que motivo a 21.IV.1493 Jacopo Trotti,
conselheiro do duque Hércules I de Este, transmitiu a este uma missiva recebida
de seu irmão Aníbal Zennaro, escrita em Barcelona a 9.III.1493, em que este lhe
comunicava o regresso das Antilhas da frota armada pelos Reis Católicos "a
rogos de um chamado Colomba" {50}
Mais um magnífico exemplo do “rigorosíssimo critério”
aplicado pelos genovistas na listagem de afirmações que nos atiram como provas
da genovesidade do Almirante Colon.
Desta feita o Prof. Thomaz terá
desencantado esta ‘prova’ na Raccolta –
Parte III -Vol. I. Págs.141-142.
Esqueceu-se o Prof. Thomaz,
porém, de confrontar a data apontada para a missiva de Aniballe Zennaro com os
factos nela descritos.
Na verdade, o Almirante
Colon chegou a Lisboa em 4 de Março e de Lisboa enviou para Barcelona a carta a
Luís de Santángel. Efectivamente uma carta e uma adenda. Carta datada de 15 de
Fevereiro “escrita na caravela sobre as ilhas das Canárias” – estando porém o
Almirante nos Açores conforme consta no Diário. Adenda qua aponta para ter sido
“escrita no dia da chegada a Lisboa”, mas cuja cópia paleográfica mostra a data
de 14, tal como a versão impressa – estando o Almirante já em viagem no mar
neste dia. Não existem assim certezas quanto à data da expedição da carta.
Ora esta carta, enviada de
Lisboa quer fosse a 4 quer a 14 de Março, não poderia ter chegado ao
destinatário em Barcelona sem tempo suficiente para percorrer essa distância ou
antes de ter sido expedida, de forma que no dia 9 de Março Aniballe Zennaro
escrevesse ao seu irmão a informar que:
“…uno ditto il Colomba … dicto Collomba
è retornato in dreto, et ha preso terra in Lisbona, et ha scripto questo a
questo signore re; et dicto signore re gli ha scripto che subito vengha qua. io
credo haverò copia de la littera quale epso ha scripto, et ve la mandarò …”
Ou seja, que:
o tal dito Collomba chegou a Lisboa e escreveu a este Rei [Fernando o Católico] e o Rei escreveu-lhe que venha depressa …
Portanto a carta de Aniballe Zennaro não pode ter sido
escrita em 9 de Março, mas talvez em 9 de Abril.
Assim, em 9 de Abril, ainda
o Almirante não tinha chegado a Barcelona para se encontrar com os Reis
Católicos tal como estes lhe tinham ordenado e já os ecos da sua carta recebida
pelos altos funcionários da Corte se propagavam de casa senhorial em casa
senhorial e alcançavam também os grandes senhores e os mercadores da península
itálica, deturpando o nome Christoval Colon que o identificava em Castela.
Por incrível que pareça, não
há conhecimento de que alguma carta com esta notícia tenha sido enviada de
Barcelona ou de algum outro lugar para Génova.
Por mais incrível que
pareça, nem os ‘muitos da nação genovesa’ que habitavam em Lisboa terão
exultado com o regresso do “seu compatriota Colombo” nem se apressaram a
escrever para a República pátria. Nem se apressaram nem nunca o fizeram que
tenha deixado rasto.
Seria tal o desconhecimento geral
sobre o Almirante que, depois de nessa carta ao Duque de Ferrara, Jacobo Trotti
se ter limitado a transcrever a missiva recebida, não de seu irmão como escreve
o Prof. Thomaz, mas sim do irmão de Aniballe Zennaro o qual era Embaixador do
Sacro Império em Milão, numa segunda carta ao mesmo Duque de Ferrara, Jacobo
Trotti escreveu:
«Al mio illustrissimo
signore il signore duca de Ferrara &c.
Scripssi a'dì passati a la vostra excellentia
de quelle insole extranee trovate per quel
Spagnolo, navicando, et li mandai la copia de una littera la quale me
respondete che, se intendeva altro, gli ne desse adviso,…
Mediolani, .x. mai
.1493.
Excellentie vestre
servus
Iacobus Trottus.»
Mas Aniballe Zennaro não foi o único a enviar as
notícias desde Barcelona. Em 31 de Março, logo depois de ali ter sido recebida
a carta enviada pelo Almirante, já era remetida para Roma, dirigida ao seu
Governador, que era na ocasião o Arcebispo de Tarragona, o seguinte:
«Per questa faccio sapere ad V. Rev. S. che perseverando nostro Segnor Dio la bona fortuna de le soy Alteze, heri hanno recepute littere da uno che se dimanda Coloma, grandíssimo marinaro, nepote del grande Coloma de Francia, el qual mandarono soy Maiestate a con doy caravele verso la India.»
(in RUZZIN, Valentina – Tante cose se dicono que pareno incredebele – Lettera sulla scoperta
dell’America. Atti della Società Ligure de Storia Patria, nº LVI.
Génova: 2016. Págs 329-343)
Venezia, 17 settembre 1485.
[Bibliot.
Marciana in Venezia, VII it. cccxxiii, Crónica de Venetia traduta de verbo ad
verbum.]
"Del .1485. adi .17. settembrio vene nove a Venetia come era stade prese le galie del viazo de Fiandra de l’ andar in lá apreso .4. iornade a Fiandra da uno nevodo de Colombo e uno Zorzi Griego i qual era com .6. barche grose, i qual le haveva tegnude a mente e tristamente le prese, le qual iera mal armade de boni homeni, ch' el non iera pur homo che savese dar fuoco a una bombarda, fo de gram daño a Venitiani;"
Fica
assim patente a razão pela qual o Almirante Colon era, nessa fase, por vezes
designado por Coloma, Colomba ou Collomba.
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