´Prova' {48} – pág. 258:
E por que razão, logo a 19.III.1493, poucos dias após
o regresso de Colombo da América, pediu o Duque ao Arcebispo Primaz de Toledo
que, a título de compensação por ter tido Cristóbal Colomo em
sua casa dois anos, assim evitando que ele fosse fazer o seu descobrimento por
conta del-rei de França, receba licença para mandar todos os anos às terras por
ele descobertas algumas das suas caravelas? {48}
Este documento é descrito por Martin Fernández de Navarrete, que indica estar o original no Arquivo de Simancas. O facto ou mesmo a simples possibilidade de a carta do Duque de Medinaceli se referir a Cristobal Colomo não pode ser encarado como uma prova de que o Almirante era o genovês Colombo.
´Prova' {49} – pág.
258:
Por outro lado
ainda: se, como afirmam os nossos cubistas, ele sempre se
chamou Colón, por que motivo nenhum documento castelhano lhe chama
assim antes das Capitulaciones de Santa Fé a 27.IV.1492? e por
que motivo, logo em Fevereiro de 1493, o diarista Alegretto degli
Alegretti, de Sena, ao registar a sua viagem, designa o descobridor da América
por Cristoforo Colombo? {49}
ACC:
Antes das
Capitulaciones de Santa Fé os únicos documentos castelhanos conhecidos, que se
limitam a quatro relações de pagamentos e uma cédula real, tratá-lo-iam por
Cristobal Colomo, o que pode ter acontecido por deturpação ou má percepção do
nome que usava, até para se conformar com o género masculino pois, como
salienta o Prof. Thomaz, não existia em castelhano.
Note-se que
nenhum desses documentos se destina ao próprio Colon. Todos eles são apenas
inscritos em registos de pagamentos ou dirigidos a outras pessoas, sem que
Colon tivesse forma de se aperceber de qual o nome escrito.
Esses
documentos são descritos por Martin Fernández de Navarrete, que indica ter sido
Don Tomás Gonzalez, do Conselho de Sua Majestade, quem em 15 de Novembro de
1824 transcreveu esses registos do Arquivo de Simancas. Não se trata dos
documentos originais, os quais foram, no entanto, publicados em fac-simile por
António Rumeu de Armas.
Não se pode ignorar, por
outro lado, que o Rei D. João II escreveu para Sevilha em carta datada de 20 de
Março de 1488, endereçada a Cristovam Colon. Tendo essa carta chegado ao
destinatário, como se comprova pela vinda de Colon a Portugal na sua sequência,
e tendo os documentos castelhanos desde as Capitulaciones e mesmo as Bulas
Papais registado o nome Colon, torna-se evidente que era este o nome usado pelo
navegador.
Quanto ao registo do diarista de Sena, apenas se pode classificar como impressionante. Na verdade, duplamente impressionante!
Por um lado, a argúcia do
Prof. Thomaz que lhe permitiu elencar mais esta pérola do argumentário
genovista.
Por outro lado, a capacidade
premonitória do diarista, que lhe permitiu antever, um mês antes de ter sido
revelado, o desfecho da viagem do Almirante.
Não deixam de nos surpreender
os genovistas mais inveterados.
Como poderia o
diarista de Siena publicar em Fevereiro de 1493 a notícia sobre a descoberta
das novas terras, levada pelo embaixador genovês em Barcelona se o Almirante só
chegou a Lisboa em 4 de Março, só escreveu para a corte em Barcelona no dia da
chegada e pode ter remetido a carta mais tarde, só regressou a Palos de la
Frontera a 15 de Março e só chegou a Barcelona em finais de Abril, tendo a sua
carta sido recebida em Barcelona no dia 30 de Março?
E o teor da notícia,
escrita apenas com referência ao ano 1493, inserida aleatoriamente e sem
ordenação cronológica rigorosa entre um registo de 13 de Junho e um de fim de
Maio, num conjunto de efemérides dos anos 1450 a 1496 preparado, segundo
prefácio de Muratori, antes de 1500, é o seguinte, onde o diarista indica como
teve dela conhecimento – e não é verdade que tenha sido pelo Embaixador genovês
em Barcelona:
“Quest’Anno il Re di
Spagna ha trovate molte isole di nuovo, cioè in Canaria, oltre alle Colonne
d’Ercole, nelle quali il suo Capitano Cristoforo Colombo Capitano delle Galere
ha trovato di varie generazione d’huomini com diversi costumi; … E questo
abbiamo per più Lettere de’ nostri Mercatanti di Spagna, e a bocca da più
Persone. … “
Ou seja:
“Nesse ano, o Rei de
Espanha encontrou muitas ilhas de novo, isto é nas Canárias, outras nas colunas
de Hércules, nas quais o seu capitão Cristoforo Colombo, comandante das galeras,
encontrou vários tipos de homens com diferentes costumes; ... E isto soubemos
por várias cartas de Mercadores nossos em Espanha, e pela boca de mais pessoas.
…”
(Diarj scritti da Allegretto Allegretti delle cose sanesi del suo tempo in MURATORI, Ludovico - Rerum italicarum scriptores, Vol. XXIII, 1733, pág. 827)
Portanto,
quando o diarista escreveu as suas efemérides, o que terá acontecido entre 1497
e 1500, já o nome do navegador tinha sido deturpado para Colombo.
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