'Prova' {80} - pág. 621:
Outro caso interessante, registado na devassa
(acusação por Bobadilha) é o de Teresa de Baeça e Inês de Malaver, que
constitui ao mesmo tempo um importante testemunho da origem genovesa do
Almirante: quatro testemunhas asseveraram que, durante a ausência de D.
Cristóvão, D. Bartolomeu mandara cortar a língua às duas mulheres, por haverem
afirmado que o pai de ambos era tecelão e que seu irmão Diego aprendera a
tecer seda.
ACC:
Bobadilha foi
para a Hispaniola em 1500 mandatado para fazer sair os irmãos Colon, e levá-los acorrentados de volta a Castela, depois de
se saber que os portugueses tinham chegado à verdadeira Índia. Socorreu-se de
todos os argumentos e testemunhos, quer verdadeiros quer forjados. Em Castela
já se conheciam as tentativas de identificar os Colons com os Colombos
tecelões. O episódio de cortar a língua a duas mulheres é cronologicamente situado
em 1495 pelas testemunhas que o descreveram, quando ainda não haveria mulheres
europeias na Hispaniola.
Não se conhece
nenhuma documentação que permita comprovar a presença de mulheres na Hispaniola
antes das primeiras quatro que foram na terceira viagem, número bastante menor do que as
trinta que estavam previstas.
Estão registados os nomes de duas delas, Catalina
de Sevilha, mulher de Pedro de Salamanca, e Gracia de Segovia, solteira. Sobre
as outras duas se afirma que eram ciganas condenadas por homicídio. (Cf.
GIL, Juan - El rol del tercer viaje
colombino, en Juan Gil y Consuelo Varela. Temas colombinos. Sevilla,
Escuela de Estudios Hispano-Americanos, 1986, págs. 2-3, y 12-28.)
Provavelmente
seriam as mencionadas Teresa de Baeça e Inés de Malaver a quem foi cortada a
língua, se é que isso aconteceu e não foi apenas um depoimento forçado das
testemunhas, para reforçar, a todo o custo, as acusações contra o Almirante.
Se aconteceu, pode ter sido por outras razões,
ou pode mesmo ter sido pelo que disseram, injurioso para os Colons, por ser
mentira.
Giacomo
(Jacobo) Colombo, que se pretende confundir com D. Diego Colon, foi aprendiz de
tecelão de lãs, por 22 meses, iniciados em Setembro de 1484, quando tinha 16
anos de idade e em Agosto de 1487 é referido com tecelão de panos de lã, num
acto em que intervem como testemunha em Génova. Não se conhece nenhum acto em
que seja mencionado como aprendiz ou tecelão de seda.
'Prova' {81} - pág. 644:
Vivo é o
contraste (os Reis Católicos retardavam a autorização para a 3ª viagem) com o
que se passara em 1493, quando eram os soberanos quem instava para que ele acelerasse
a partida (para a 2ª viagem); e queixava-se aos Reis, em termos reportados por
Las Casas:
suplico a
Vuestras Altezas que manden a las personas que entienden en Sevilla
en esta negociación, que no sean contrarios y no la impidan. Yo no sé lo que
allá pasaria Ximeno (de Briviesca) salvo que és de generación que se ayudan a
muerte y vida, e yo ausente y envidiado extrangero;
ACC:
Esta afirmação não tem qualquer relação com a alegada
genovesidade do Almirante que o Prof. Thomaz pretende provar. Ser estrangeiro é
bem mais abrangente do que ser genovês.
Ximeno exercia o ofício de contador das armadas e o
Almirante desconfiava que ele incitava as más vontades contra si. De tal forma
que o agrediu mesmo na partida para a viagem.
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