sábado, 26 de fevereiro de 2022

Colombo genovês, o tio errado #60 ('Prova' 94)

 'Prova' {94} - pág. 691:

E por que razão Bartolomeu Senárega em Génova, ao noticiar o seu regresso da viagem descobridora, se lhe refere e a seu irmão nos seguintes termos: “Christophorus et Bartolomœus Columbi, fratres, natione ligures, ac Genuœ  plebeis orti parentibus …”

 "Cristóvão e Bartolomeu Colombo, lígures, nascidos em Génova de progenitores plebeus"?

 

ACC:

Alguém terá soprado esta frase de Bartolomeo Senarega ao Prof. Thomaz, ou terá sido uma ligeira precipitação na leitura, pois o que consta na pág. 535 das crónicas de Bartolomeo Senarega com o título “Bartholomæi Senaregæ  – Commentaria de Rebus Genuensibus” no Tomo XXIV da obra Rerum Italicarum Scriptores publicada por Lodovico Antonio Muratori e disponível online em Biblioteca Europea di Informazione e Cultura – BEIC, é: “Christophorus, & Bartholomæus Columbi fratres Genuæ plebejis parentibus orti, & lanificii mercede victitarunt …”

A expressão “lígures de nação” não consta portanto no original, sendo assim da lavra de outrem, que não de Senarega.

Trata-se de um conjunto de crónicas entre 1488 e 1514, ano em que faleceu, escritas com referência ao ano respectivo.

Entre esta parte do texto de Senarega e do texto de Antonio Gallo que já foi analisado na alegada prova {1} não existem diferenças substanciais, ficando por determinar qual deles copiou o outro, sendo mais provável que Senarega tenha sido o cábula.

Gallo escreveu (Antonii Galli Navigatione Columbi per inaccessum antea Oceanum Commentariolus, in MURATORI, Lodovico - Rerum italicarum scriptores, Vol. XXIII, 1733, pág. 301): “Christophorus, & Bartholomæus Columbi fratres, natione Ligures, ac Genuæ plebejis orti parentibus, & qui ex lanificii (nam textor pater, carminatores filii aliquando fuerunt) mercedibus victitarent …”

Com esta transcrição se percebe que o excerto atribuído pelo Prof. Thomaz a Bartolomeo Senarega é, de facto, mais aproximado ao trecho de Antonio Gallo.

Demonstra-se também que Senarega nada conhecia directamente sobre a viagem do Almirante Cristóvão Colon. O irmão Bartolomeu Colon não participou na descoberta, ou seja na 'audacíssima proeza'. Portanto, o Bartolomeo Colombo não teria participado junto com o Cristoforo Colombo caso fosse este o Almirante como defende o Prof. Thomaz.

Na mesma linha se inclui um texto idêntico de Giustiniani, publicado em 1516, o qual foi contestado por D. Hernando Colon.

Acresce que se conhecem nove cópias do texto de Gallo, cujo hipotético original anterior à sua morte em 1510 desapareceu, e dessas cópias apenas uma é do séc. XVI, conservando-se em Copenhaga e, como o leitor já terá adivinhado, não inclui o texto sobre os irmãos Colombo.

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