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Ao contrário
do seu irmão Giacomo ou Diego - que por carta régia de 8 de Fevereiro de
1504 registada no Sello de Corte do Real Arquivo de Simancas,
foi feito natural destos nuestros reinos de Castilla e de Léon -
Cristóvão não se fizera nunca naturalizar castelhano. Ao que parece em
1495 Giacomo hesitava entre manter-se com seu irmão ao serviço de Castela e
regressar a Itália, e os Reis deram instruções ao Bispo de Badajoz para que o
deixassem partir ou ficar, conforme decidisse.
ACC:
A tentação de ceder à atracção exercida por qualquer
frase onde se inclua alguma palavra que remeta para Génova ou Itália é mais
forte que o dever científico e académico de analisar e interpretar
correctamente essa frase.
E nestas alegações apresentadas pelo Prof. Thomaz
encontram-se alguns aspectos que merecem ser focados, já que não lhes foi dada
atenção por quem os invocou.
Em primeiro lugar, refere-se que Giacomo ou Diego foi
feito natural dos Reinos de Castela e Leão, o que não é verdade, pois quem foi
feito natural dos Reinos de Castela e Leão foi D. Diego Colon, não foi um
Giacomo Colombo.
NUMERO CLIV.
Naturaleza de Reinos a D. Diego Colon, hermano del Almirante Don
Cristobal.
(Registrada en el Real Archivo de
Simancas en el Sello de Corte.)
“Don Fernando e Dona Isabel, por la
gracia de Dios &c.: Por hacer bien e merced a vos D.Diego Colon, hermano
del Almirante D. Cristobal Colon, e acatando vuestra fidelidad e leales
servicios que nos habeis fecho, e esperamos que nos fareis de aqui adelante, por
la presente vos facemos natural destos nuestros Reinos de Castilla o de Leon ,
…”
O
Prof. Thomaz não só continua a insistir que Giacomo Colombo era a mesma pessoa
que Diego Colon, como finge ignorar que este Diego Colon é D. Diego Colon,
merecendo dos Reis Católicos um tratamento reservado aos estratos sociais mais
altos. E fá-lo porque não consegue explicar como seria possível que esse
tratamento fosse dado a um tecelão. O mesmo aconteceu com Bartolomeu Colon, que
também mereceu o tratamento por D. Bartolomé Colon logo no primeiro documento
que lhe foi emitido pelos Reis Católicos em 1494.
Saliente-se
ainda que esta é a única carta de naturalização em Castela e Aragão em que não
é indicada a naturalidade que o naturalizado detinha anteriormente. Sobre a
origem dos irmãos Colon continuava a fazer-se silêncio, escondendo-a.
E quanto à carta dos Reis ao Bispo de Badajoz, pela
sua leitura se pode desmentir o que escreveu o Prof. Thomaz, pois D. Diego
Colon não hesitava entre ficar com seu irmão ou regressar a Itália.
O que os Reis expressam na carta é que “depois dos
acontecimentos em Itália, D. Diego tem o propósito de não ir lá. Note-se bem
que diz “no ir allá” que significa “não
ir lá (a Itália)”, o que é diferente de “no irse allá” que significaria “não ir
para lá” e totalmente diferente de “regressar
a Itália”.
“se quiser ir para (junto do) seu irmão, ou vir para
cá ou ficar onde está, faça o que quiser”
NÚMERO XCV.
Carta de los
Reyes al Obispo de Badajoz,
recordandole que no exija a D. Diego,
hermano del Almirante, el oro que trajo de Indias; y que si no quiere ir a Italia que no vaya,
y resida donde quiera.
“El Rey e la Reina: Reverendo in
Cristo Padre Obispo: Vimos vuestra letra, y cerca de lo que toca a D. Diego
Colon, hermano del Almirante de las Indias, ya habreis recibido una carta
nuestra, por la cual vos escribimos que no le pidiesedes el oro que agora el
trajo de las Indias mas que ge lo dejasedes para su costa; aquello cumplid
segun que vos lo escribimos. Y porque nos dicen que despues que han sido las
cosas de Italia esta de proposito de non ir alla, es muy bien que no debe ir
alla; si el quisiere irse a su hermano el Almirante o venirse aca o estarse
ende, faga lo quel quisiere. De Arevalo a primero de Junio de noventa y cinco
años.”
O que se deduz da carta é que D. Diego Colon teria
feito um pedido oficial para ir a Itália tratar de algum assunto, mas que
devido a acontecimentos ocorridos em Itália, não tinha o propósito ou intenção
de lá ir e os Reis concordam com essa sua decisão de não ir.
Referia-se à Primeira Guerra Italiana 1494-95 (A guerra colocou Carlos VIII da França , que teve ajuda inicial de Milão, contra o Sacro Império Romano, a Espanha e uma aliança de potências italianas liderada pelo Papa
Alexandre VI, conhecida como Liga de
Veneza). Era portanto absolutamente natural que D. Diego não desejasse ir nessa
ocasião à Itália em guerra, certamente a Roma, apesar do seu desejo em
tornar-se membro da Igreja, conforme consta no testamento do Almirante.
O facto de ser um assunto tratado com o Bispo de
Badajoz reforça a ideia de se poder tratar da pretensão de D. Diego Colon em
tornar-se membro da Igreja, procurando obter uma posição eclesiástica de
relevo.
Refira-se ainda que este objectivo estava em linha com
o que era norma nas famílias nobres, em que o varão primogénito herdava o
título nobiliárquico tal como os bens associados, o segundo filho seguia uma
carreira militar num posto elevado e o filho seguinte obtinha uma posição na
hierarquia do clero.
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