quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Colombo genovês, o tio errado # 58 ('Provas' 91, 92)

 'Prova' {91} - pág. 687:

Quando em 1500 os Reis enviaram Francisco de Bobadilha à Espanhola como pesquisador, com poderes para inquirir do comportamento de Colombo e de seus homens e substituí-lo como governador, três dos cinco franciscanos que se encontravam na ilha como missionários escreveram ao Cardeal Cisneros, arcebispo  de Toledo e Primaz de Todas as Espanhas, expondo as suas queixas contra o Almirante, que acusavam de se querer rebelar contra a Coroa. No memorial que enviaram juntamente queixavam-se de João António nos seguintes termos:

 Item que Vuestra Señoria trabaje con sus Altezas cómo no consientan venir a esta tierra ginoveses {91} porque la robarán y destruirán, que por cobdicia d'este oro que se ha descubierto, Juan Antonio Ginovés trabajava ya de hazer partido con los vezinos de las isla acerca de los bastimentos ...

ACC:

Para além do aspecto que o Prof. Thomaz apresenta como prova {91}, saliente-se que os três franciscanos que escreveram ao Cardeal Cisneros acusavam o Almirante de se querer rebelar contra a Coroa. Como se depreende, a suspeição que recaiu sobre Colon devido à sua vinda a Lisboa no regresso da primeira viagem, e que foi na verdade um desvio propositado, manteve-se sempre como uma ameaça aos seus direitos e cargos.

Quanto à queixa contra João António tem como digno de nota o facto de o designarem como Juan Antonio Ginovés. Como anteriormente se viu segundo o que deixou escrito Don Hernando Colon, Juan António ‘Colombo’ era natural de Fontenoy-le-Château na Borgonha e não da República de Génova, confirmando assim que era comum chamar de genoveses a todos os estrangeiros.


'Prova' {92} - pág. 687:

Do mesmo dia, 12.X.1500 datam também: uma carta de Fr. Juan de Robles, recomendando ao cardeal que ni el almirante ni cosa suya vuelva más a esta tierra, porque se destruiria todo; e outra de um frade, Fr. Juan de Trasierra, instando com o arcebispo para que tirasse a Espanhola "do poderio do rei Faraó" e fizesse com que ninguno de su nación venga en estas islas. {92} Foi provavelmente devido a estas queixas, que o primaz há de ter feito chegar aos monarcas, que estes, nas instruções que a 16.IX.1501 deram a Nicolás de Ovando, sucessor de Bobadilla, lhes ordenaram que visse se havia na ilha alguns estrangeiros, e achando-os os recambiasse para Castela.

 

ACC:

Mais uma vez o Prof. Thomaz confunde-se a ele próprio ou tenta confundir o leitor. Nestas frases não existe uma única afirmação sobre a genovesidade do Almirante. O que há é uma queixa de Fr. Juan Robles sobre o Almirante e instruções régias a Ovando para recambiar para Castela algum estrangeiro que estivesse na ilha. A única associação possível é que o Almirante era estrangeiro.

Sem comentários: