'Prova' {91} - pág. 687:
Quando em 1500 os Reis enviaram Francisco de
Bobadilha à Espanhola como pesquisador, com poderes para inquirir do
comportamento de Colombo e de seus homens e substituí-lo como governador,
três dos cinco franciscanos que se encontravam na ilha como missionários
escreveram ao Cardeal Cisneros, arcebispo de Toledo e Primaz de Todas as
Espanhas, expondo as suas queixas contra o Almirante, que acusavam de se querer
rebelar contra a Coroa. No memorial que enviaram juntamente queixavam-se de
João António nos seguintes termos:
Item que Vuestra Señoria trabaje con sus
Altezas cómo no consientan venir a esta tierra ginoveses {91} porque
la robarán y destruirán, que por cobdicia d'este oro que se ha descubierto, Juan
Antonio Ginovés trabajava ya de hazer partido con los vezinos de las
isla acerca de los bastimentos ...
ACC:
Para além do aspecto que o Prof. Thomaz apresenta como
prova {91}, saliente-se que os três franciscanos que escreveram ao Cardeal
Cisneros acusavam o Almirante de se querer rebelar contra a Coroa. Como se
depreende, a suspeição que recaiu sobre Colon devido à sua vinda a Lisboa no
regresso da primeira viagem, e que foi na verdade um desvio propositado,
manteve-se sempre como uma ameaça aos seus direitos e cargos.
Quanto à queixa contra João António tem como digno de nota o facto de o designarem como Juan Antonio Ginovés. Como anteriormente se viu segundo o que deixou escrito Don Hernando Colon, Juan António ‘Colombo’ era natural de Fontenoy-le-Château na Borgonha e não da República de Génova, confirmando assim que era comum chamar de genoveses a todos os estrangeiros.
'Prova' {92} - pág. 687:
Do mesmo dia, 12.X.1500 datam também: uma carta de Fr.
Juan de Robles, recomendando ao cardeal que ni el almirante ni cosa
suya vuelva más a esta tierra, porque se destruiria todo; e outra de
um frade, Fr. Juan de Trasierra, instando com o arcebispo para que tirasse a
Espanhola "do poderio do rei Faraó" e fizesse com que ninguno
de su nación venga en estas islas. {92} Foi provavelmente devido a
estas queixas, que o primaz há de ter feito chegar aos monarcas, que estes, nas
instruções que a 16.IX.1501 deram a Nicolás de Ovando, sucessor de Bobadilla,
lhes ordenaram que visse se havia na ilha alguns estrangeiros, e achando-os os
recambiasse para Castela.
ACC:
Mais uma vez o Prof. Thomaz confunde-se a ele próprio
ou tenta confundir o leitor. Nestas frases não existe uma única afirmação sobre
a genovesidade do Almirante. O que há é uma queixa de Fr. Juan Robles sobre o
Almirante e instruções régias a Ovando para recambiar para Castela algum
estrangeiro que estivesse na ilha. A única associação possível é que o
Almirante era estrangeiro.
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